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Heráldica

    Ordenação heráldica do brasão e bandeira publicada no Diário da República, III Série de 12/05/1995.

 

Armas

 

     Escudo de negro, fonte de prata jorrando água do mesmo, sotoposta de uma faixeta ondeada de prata e azul de três tiras e acompanhada em chefe, à dextra, de um crescente volvido e, à sinistra, de uma estrela de cinco pontas, tudo de ouro; em ponta, cacho de uvas de ouro folhado do mesmo. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro em maiúsculas: "VILA DE CAMBRES".

 

Bandeira

 

     De amarelo, cordões e borlas de ouro e azul. Haste e lança de ouro.

Lugares

     Cambres tem mais de 40 lugares habitados que, juntamente com as suas Quintas, formam esta grande freguesia.

 

     Adega do Chão, Barba e Meia, Bogalheira, Bulfenes, Cabouco, Calçada, Cambres, Carosa, Casal, Chalé, Corredoura, Cruzinhas, Cucos, Eirô, Felgueiras, Fontaínhas, Ladário, Lagares, Lamas, Lameirão, Lamelas, Mesquinhata, Moinho de Vento, Mortanheiras, Mosteirô, Pedreira, Penelas, Pinheiro, Pio, Pisões, Pomarelhe, Pontão, Portela, Portelo, Pousada, Quinta da Tapada, Quintião, Ranhadouro, Raposeira, Raquel, Rio Bom, São Lourenço, Souto, Tourais, Valdoleiros, Varais, Varzeas, Volta Mondim.

 

     O Lugar de Penelas, nome invulgar que, talvez, se deva ao facto de este povo ficar situado numa encosta e em tempos terem lá existido algumas árvores seculares, e do povo que faz extremo com Lamego (freguesia de Almacave), em tempos recuados pertencer ora a Lamego ora a Cambres.

Quintião terá recebido o nome de um comandante da Legião Romana que por lá terá passado e estabelecido. Homem que ficou marcado pela história do fisco devido ao Rei, e por este cedido ao Convento de Salzedas.

 

     Quintião e Rio Bom ficam na história devido à célebre crise do Vinho do Porto, que na Câmara de Lamego pôs frente a frente agricultores e comerciantes. Desta manifestação morreram seis pessoas de Cambres, que estão numa sepultura comum, talvez para testemunhar este facto para sempre.

Portelo e o Lugar da Portela devem o seu nome talvez ao Porto, já que por aqui era ponto de passagem para o Rio Douro e daí para a foz do rio. Pela Portela passava o caminho do rio, ainda hoje assim conhecido. Por Portelo continua a passar a Estrada Pombalina que ligava Lamego ao rio, na distância de uma légua. Ainda hoje existem os marcos da légua, ou mais conhecidos por Relógios do Sol. Nestes dois lugares era cobrada a portagem de gente e bens a que os Senhores da s terras tinham direito.

 

     Felgueiras ou Filgueiras constitui ainda hoje lugar de referência pelo estilo das suas Casas Renascentistas, nas portas e nas janelas.

O lugar de Rio Bom assinala um dos caminhos obrigatórios dos romeiros de Santiago de Compostela. Seria aqui em Rio Bom que os viajantes encontravam um lugar de repouso e de recuperação dos pés cansados, e nas suas águas (ainda hoje tão célebres), o alívio para as dores.

Quintas

Quinta da Pacheca

Quinta da Azenha

     Cambres alberga alguns solares, uns em bom estado de conservação e outros quase em ruínas. O mais belo é talvez a Casa da Corredoura, porque ainda conserva a sua grandeza arquitectónica exterior e a salientar, também, a Casa da Azenha, assim batizada por existir no seu espaço uma azenha, e que esconde alguns tesouros históricos.

 

     As Quintas existentes na freguesia são inúmeras e ricas em histórias. Vamos apenas aqui salientar algumas que na nossa opinião são as mais relevantes:

   

    A Quinta do Monsul ou do Moçulo, muito antiga, com a sua capela datada de 1599, guarda no seu interior pedras com inscrições muitos antigas e duas sepulturas. A sua casa de habitação merece uma visita demorada, com especial atenção para as duas antiquíssimas e originais Celas dos Monges Cistercienses. O mobiliário, as suas peças antigas, os livros e os Santos da Capela, compõe os atractivos deste espaço.

 

     A Quinta dos Varais, hoje pertença da família Girão, data do Século XVII, situada mesmo em frente à cidade da Régua e virada para o rio Douro, está aberta ao Agro-Turismo. No início era conhecida por Casa de Balsemão por pertencer ao Convento de Salzedas. O nome que hoje adopta, tem a ver com o facto de se localizar no sítio onde os Barcos rabelos paravam quando viajavam do Porto para a Régua. Era em frente à Casa onde os Barcos varavam, ou seja, faziam a inversão de marcha.

 

     A Quinta dos Tourais, foi em tempos remotos, talvez mesmo antes da nacionalidade, um pequeno Mosteiro. Alguns historiadores ligaram este nome ao de Bugalheira, para afirmarem que esta quinta seria uma grande várzea fertilizada pelas enchentes do rio. Os Frades teriam muitos touros e vacas, cujas crias eram levadas para o Lugar da Bugalheira, que vem da palavra latina “Buccália”.

 

     A Quinta da Azenha no lugar de Rio Bom, hoje transformada em turismo rural. A casa da Azenha, típico solar duriense cujas origens remontam ao séc. XVII, insere-se numa propriedade vitícola de 13 ha, localizada em plena região património mundial classificada pela Unesco. A casa da Azenha tem a sua história ligada à Casa da Corredoura, em Portelo de Cambres, da qual era uma das propriedades. A Casa da Azenha foi mandada construir, por António Rebelo Teixeira, no lugar onde haveria uma Zenha que moía o azeite da Casa da Corredoura.

 

     Muitas mais Quintas haveria para descrever como é o caso da de Mosteirô, que ainda guarda todos os traços e o Brasão dos Monges de S. Bernardo; a Quinta de Santo António, cuja capela recolhe o Senhor d’Aflição na noite de Sexta-feira, depois da Procissão de Penitência, para aí pernoitar, saindo no dia seguinte rumo à Igreja Matriz; a Quinta da Pacheca; S. Lourenço; S. Miguel; Salada; Fojo e Águas Férreas, para mencionar algumas.

Águas de Cambres

     Em relação à sua história, relata-se que na vila existia uma albergaria medieval, construída junto da nascente. Aqui passava uma das vias utilizadas para romagem a Santiago de Compostela. Andrade (1925) descreve a geologia do terreno: “A mancha cambriana que segue de Espanha por Barca d’Alva até um pouco a Oeste de Mesão Frio, cobre toda a região da Régua e também o local onde existem as nascentes”, e refere uma quinta nascente, “do Cedro Grande, mais perto da Casa da Corredoura e junto a um cedro grande, donde lhe provem o nome, aparece no contacto dos xistos cambrianos com as aplites”. Acciaiuoli noticia no seu relatório anual de 1942 que “está nos tribunais pendente uma ação judicial”, e assinala em 1944 que “não se chegaram a executar as obras de captagem, tais como Freire de Andrade projetou, por várias vicissitudes passou esta concessão e, devido a elas, a sua exploração tem sido deficiente”.

 

     Por morte da concessionária Helena Brazão Vilas Boas, herdou a concessão um seu sobrinho que por sua vez a vendeu ao engenheiro Carlos Santos, residente no Porto. Atualmente a propriedade encontra-se à venda.

 

     Em 2007 ainda foi publicado num jornal da região (Notícias do Douro) a recuperação das instalações, mas até aos dias de hoje mantém-se tudo na mesma. Quando foi publicada a notícia  o povo ficou muito entusiasmado, pois sempre foi um sonho das gentes desta terra a reabertura das “Águas de Cambres”. Caso o projeto fosse concretizado daria muito mais conhecimento à vila e a criação de postos de trabalho, mas tal não aconteceu, o que foi uma pena.

 

     Existem quatro nascentes: Caldeirão 1 e 2, a Fonte e as Fontainhas. Na última fase de laboração só se trabalhava com uma nascente e com um furo artesiano, que era o principal fornecedor de água para a fábrica de engarrafamento. Este furo localiza-se por de trás da oficina e é protegido por uma construção sólida em cimento com 1,5 x 1,5 m.

 

     A fábrica de engarrafamento é uma construção dos anos 1960, com uma área de cerca de 200 m2. A entrada dá directamente para o armazém, com um pequeno escritório de administração do lado esquerdo. Ao fundo deste armazém ficava o local de engarrafamento com três tanques e dois sistemas de canalizações (vermelha e branca) que se juntam na torneira comum de engarrafar, correspon-dendo a águas das duas nascentes diferentes.

 

     Numa terceira sala ao lado direito encontra-se uma máquina mais recente para encher garrafões, uma outra para enrolhar e uma terceira para lavagem do vasilhame.

Todo o material está obsoleto e demonstra um processo de engarrafamento bastante artesanal e pouco higiénico para os padrões actuais, possível razão porque se encontra inactivo. Curiosamente toda a oficina ainda tem energia eléctrica, apesar de não funcionar há cerca de 20 anos.

A área de protecção abrange toda a colina por de trás da oficina, que formava um parque de lazer onde predominam os cedros e pinheiros, mas onde as acácias vão ocupando toda a superfície livre.

Igreja Matriz

     A Igreja Matriz, dedicada a S. Martinho de Tours, o Padroeiro da freguesia. Reza a história que D. João III baixou a abadia de Cambres para Reitoria e Vigararia e que D. José mandou restaurar e ampliar a Igreja ou talvez reconstruir de raiz no respeito do barroco da última fase em 1767.

 

     Nesta Igreja pode contemplar-se os seus Altares, todos em talha dourada, o Altar-Mor, o tecto com figuras bíblicas pintado à mão, as paredes são revestidas com azulejos decorativos, e os quatro Evangelistas, S. Marcos, S. João, S. Lucas e S. Mateus, estão patenteados na Capela-Mor simbolizados pelas figuras do Leão, Touro-Homem e Águia, respectivamente, podendo ainda serem vistos os seus Púlpitos, a Pia Baptismal e o Coro.

Banda Marcial de Cambres

 

Historial

 

A Banda Marcial de Cambres pertence ao concelho de Lamego do distrito de Viseu. É considerada uma das Bandas mais antigas a nível nacional, não podendo precisar a data da sua criação. Contudo, tendo como base a fotografia mais antiga da dita associação, que permite um cálculo relativamente à idade dos elementos nela presentes, e segundo várias fontes de informação oral supõe-se que terá surgido em Janeiro do ano de 1881, com 32 elementos do sexo masculino.

A primeira denominação desta Banda foi “Banda Filarmónica de Cambres”. Mais tarde, “Banda da Casa do Povo de Cambres”, por estar agregada a esta instituição durante 12 anos (de 1978 a 1990). Em 1996 foi legalizada como associação, passando a denominar-se “Banda Marcial de Cambres”.

Segundo várias fontes, a criação da Banda teve origem num conjunto de pessoas, essencialmente jovens, que sabiam tocar vários instrumento e se juntavam para ocupar os tempos livres e para se divertirem. Por outro lado, fazer parte da Banda era visto como um pretexto para os jovens saírem de casa pois o “regime” das suas famílias, na época, era muito rigoroso.

Comemora então no presente ano 130 anos de existência a animar e abrilhantar romarias, festas popular, encontros de Bandas civis e concertos por todo o País. Presume-se que os elementos mais antigos da Banda tenham sido das famílias Canelas e Bigaílos e o elemento, que se conhece como sendo o mais antigo ligado à direcção e músico, terá sido o Sr. Manuel Rodrigues Canelas.

Durante muitos anos a Banda Marcial de Cambres não tinha qualquer fim lucrativo. O único fim desta associação traduzia-se, como já foi referido, num entretenimento para as pessoas e dar nome à terra. Os músicos não tinham qualquer contrapartida económica e as poucas receitas destinavam-se à aquisição e manutenção dos instrumentos musicais. Para além disso ainda se submetiam a sacrifícios como, percorrer longas distâncias a pé para fazer as actuações para que eram solicitados, nomeadamente além Douro.
A título de curiosidade, o primeiro valor monetário de uma actuação da Banda, de que se tem conhecimento, é entre 700$00 (3,49€) a 1000$00 (4,99€), e de 15$00 (0.07€) para cada elemento. Estes valores referem-se aos anos 60 do século XX. Nesta altura o valor das quotas dos associados era de 2$50 (0,01€).

Contudo, como a maioria das Bandas, também a Banda Marcial de Cambres ao longo de todos estes anos, registou momentos altos e momentos baixos. Na origem dos períodos de declínio, estariam alguns conflitos internos, devido a desentendimentos entre músicos e o próprio maestro (nessa altura denominado mestre ou regente), ou mesmo na direcção (denominada então por comissão).

A referida Banda chegou mesmo a parar a sua actividade entre 1987 e 1988. Nessa altura, uma vez que esta Associação era vista como um símbolo da terra de Cambres, um grupo de pessoas resolveu activá-la, tomando conta da direcção e angariando novos sócios. Desse grupo contavam os senhores José Pinto Ferreira, José Magalhães, Álvaro Caetano da Rocha, João Luís Natividade e José Joaquim Ferreira.

Para os períodos áureos entre outros factores, contribuiu sem dúvida a influência de alguns maestros.

É de salientar o elevado nível musical que esta Banda teve já nos anos 20 e 30, conforme aparece em notícias de jornais locais da época presentes na biblioteca municipal do concelho. O nível reconhecido não era só local mas sim, quase, nacional. Como se sabe os meios de comunicação eram escassos e os músicos que a banda contratava para alguns “combates” importantes com outras bandas levavam para o norte e centro do País o bom nome da Banda.
Tomaram a batuta da Banda vários mestres, entre eles, o mestre Tonda, de Lamego; Manuel Ferreira, do Porto; Tavares, de Ferreiros; Raposo, de Lamego; Gonçalo Pinto Cardoso, de Rio Bom; Cereijinha, de Lamego; Santana, de Leomil; Santos, de Ferreiros; João Correia Pinto, de Cambres; Fonseca, de Cinfães; Cardoso, de Figueira.

No que se refere a actuações, a Banda Marcial de Cambres conta com inúmeras saídas, podendo destacar-se algumas, como por exemplo: a actuação no Palácio de Cristal no Porto (Pavilhão Rosa Mota) há cerca de 35 anos; a actuação na Casa Regional de Lisboa em 1993 e 2004; a participação na Festa Distrital de Bandas Filarmónicas (1999) em Viseu; a participação no IV Festival de Bandas Filarmónicas de Marvila (Lisboa) 2002; a recepção do novo Bispo de Lamego na sua passagem por Cambres em 2000; a participação e realização do Iº Encontro de Bandas de Cambres em 2005; a participação no encontro de Bandas de Vila Cova-á-Coelheira (Vila Nova de Paiva) em 2006;a sua selecção entre as melhores bandas de Trás-os-Montes e Alto Douro para receber o Presidente da Republica Prof. Cavaco Silva nas Comemorações dos 200 anos na Região Demarcada do Douro em Lamego (2006) e a participação no Iº Encontro de Bandas em Santa Marinha do Zêzere, Baião (2007).

Esta banda entrou num período designado por “nova era”, em finais de 1999, com a mudança de Maestro, repertório, músicos e fardamento. Todos estes factores estão na origem da adesão de um maior número de jovens de ambos os sexos. Esta mudança trouxe á Banda melhor e maior reconhecimento nacional, sendo notório de ano para ano a melhoria da Banda quer ao nível quantitativo quer ao nível qualitativo sendo o responsável por esta mudança o Maestro Orlando Rocha, maestro este, que se manteve até 2008. A sua mais recente e imponente revelação, ainda sob a direcção artística do referido maestro, foi a gravação de um CD editado em Maio de 2008. Integram este CD: uma marcha Cambres_ Uma vila no Douro, que dá título ao disco, o paso-doble Dois Antónios, a abertura da Ópera 1812 - A Tomada de Moscovo, a fantasia Catorze Minutos no Parque, o ligeiro Xutos Medley I e a rapsódia Encantos do Minho. O elevado nível atingido na gravação é de enaltecer para uma Banda que se encontra em pleno Douro e em que nada deve às mais afamadas filarmónicas do litoral.

Ainda de 2008 a 2010, a Direcção Artística esteve a cargo da Dra. Vera Dias de Jesus, que com a sua entrada para Maestrina desta Banda, fez história ao ser a primeira mulher a tomar as rédeas desta secular Banda.
Actualmente, a Banda apresenta-se com cerca de 45 músicos, na sua maioria jovens formados pela escola de música da Banda e pelas escolas de música da região. Esta executa todo o tipo de repertório, do religioso ao profano, que existe para este tipo de formação.

A par da Banda funciona ainda uma Escola de Música que conta com cerca de 15 jovens com idades compreendidas entre os 10 e os 17 anos.
A direcção artística da Banda Marcial de Cambres e a responsabilidade pela organização da escola de música, está a cargo do Maestro Diamantino Monteiro desde 1 de Outubro de 2010.

 

 

A Tomada de Moscovo - Banda Marcial de Cambres
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Dois Antónios - Banda Marcial de Cambres
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Encantos do Minho - Banda Marcial de Cambres
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